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Óscar Peres Vidal

Rumbo 21: futuro sim, mas nom a qualquer preço

11:15 25/03/2010

Como é sabido, estamos novamente numha crise do sistema capitalista dominante, provocada pola especulaçom e a cobiça de uns poucos, frente à pobreza e miséria da maioria; estamos portanto, numha crise de um sistema nocivo para a humanidade, os povos e o nosso meio. Dia após dia, vemos como as condiçons da classe trabalhadora vam degradando-se, com salários míseros, jornadas abusivas, temporalidade excessiva... além disto, esta nova crise está marcada, sem dúvida, polo grande número de desempregadas e desempregados, fruto de um sector produtivo fraco e precário, que se centrou em favorecer os especuladores.

A situaçom é dramática, com mais de 234.000 desempregadas e desempregados na Galiza e arredor de 18.000 na Comarca de Trasancos, sem ter em conta logicamente as pessoas afectadas por ERE´s ou por actividades formativas, o que faria situar os números reais nuns dados realmente escandalosos. Frente a isto, as trabalhadoras e trabalhadores vemos como as nossas luitas em defesa dos nossos interesses som cada dia mais intensas e difíceis: aí ficam os conflitos do naval ou a recente negociaçom do convénio das instalaçons desportivas, com umha patronal cada dia mais “crescida” e apoiada polos governos de turno, que tentam sempre criar um estado de opiniom, favorecido polos meios de comunicaçom e de poder, para ir convencendo de que a única saída é “flexibilizar” o nosso mercado de trabalho e que seja a classe trabalhadora a que pague.

Especialmente dramático é que as elites sindicais de CCOO e UGT, seguro que nom a sua filiaçom, fam de comparsas desse discurso, com umha prática demagógica para se mobilizar de forma morna contra a tentativa de reforma das pensons, mas sem problemas para assinarem um pacto de contençom salarial para os vindouros três anos.

Se nos centrarmos na Comarca de Trasancos, e à parte dos efectos desta nova crise, encontramos umha situaçom endémica, na qual há um facto que marca a história da comarca nas últimas décadas, provocada por um desmantelamento do sector naval, iniciado na década de oitenta, com a reconversom naval, e continuada com sucessivos desmantelamentos e, portanto, por umha morte continuada dum sector estratégico e fundamental nom só da Comarca, como também da Galiza. Políticas do Estado espanhol, realizadas através de governos do PSOE e PP e ante a olhada passiva e submissa dos diferentes governos da Junta de Galiza, que em nengum momento fôrom capazes de parar a sangria que sofriam esta comarca e este país, nem de evitarem assim um ataque a um sector estratégico para Galiza. Um ataque que podemos situar numha política decidida do Estado espanhol para afogar nom só este sector, mas também outros sectores fundamentais como o agrário ou o pesqueiro. Todo isto pode ser um exemplo claro da dupla exploraçom que padece a classe trabalhadora galega, por um lado a própria da nossa classe, e por outro a exercida polo Estado espanhol contra a Galiza.

No caso concreto do naval, o desmantelamento deste sector público tem contado também em muitos casos com a cumplicidade das forças sindicais espanholistas CCOO e UGT, que provocárom que Ferrol e a sua comarca levem sofrendo umha crise contínua desde há quase 30 anos. Assim, além do crescimento do desemprego brutal desta comarca, também padecemos como povo, e nomeadamente devido as políticas de destruiçom do sector naval, umha perda continuada de populaçom, que fixo por exemplo com que no caso de Ferrol se passasse de umha populaçom de cerca de 90.000 pessoas nos anos oitenta às quase 75.000 actuais; quer dizer,  17% menos.

Desde o início destas políticas, tenhem sido muitas as luitas iniciativas que figérom umha defesa deste sector naval na comarca e nas quais sempre participou a CIG. Agora, surge unha nova iniciativa, da Plataforma Rumbo 21, auspiciada polo BNG e na qual se pretende o levantamente do veto a ASTANO (actualmente Navantia-Fene) imposto por Bruxelas com a cumplicidade do Estado espanhol na época do PP de Aznar. Nessa plataforma participam diferentes organizaçons políticas, empresariais e inclusive institucionais, mas nom estám as organizaçons sindicais CCOO e UGT. Para nós, trata-se de umha iniciativa que apresenta sérias dúvidas sobre a proposta que fai para a viabilidade do sector, ao nom entrar no que para unha força sindical como a CIG fai parte do cerne do assunto, como é o dilema sobre se o futuro tem que passar polo sector público ou polo privado.

Sem dúvida, trata-se dum silêncio interesseiro, que só pretende aglutinar forças com umha intençom eleitoralista para os promotores, legítima por outra parte, mas na qual a CIG como sindicato de classe tem que dar a sua opiniom e fazê-lo em linha com a posiçom que sempre mantivo. Nom podemos negar a necessidade do levantamento do veto “político” a ASTANO, mas isto implica para um sindicato como a CIG, que a segunda parte da questom, se o futuro deverá ser público ou privado, também tem que ser esclarecida.

Tal como defendemos que o Ensino ou Sanidade sejam públicas, tal como aspiramos a umha banca pública galega, e tal como defendemos a nacionalizaçom de sectores estratégicos, nom podemos deixar o naval à margem do debate. Também defendemos um sector naval público e nom deve haver ambigüidades sobre isso no nosso discurso.

Além do dito, é curioso ver como aquelas forças políticas que participárom ao longo das últimas décadas no esmorecimento deste sector, os mesmos que levárom a cabo a reconversom, nos oitenta, e os posteriores desmantelamentos de Astano e Bazán, agora NAVANTIA e antes IZAR, ou os que realmente figérom possível o veto actual para ASTANO, adiram a esta iniciativa. No mínimo, estamos diante de um acto de cinismo e incongruência. Más também é abraiante vermos como outras forças que levam a cabo esta iniciativa, e que tivérom responsabilidades de governo até há pouco, nom figérom desta questom um tema central na negociaçom e constituiçom do governo da Junta na etapa do bipartido ou nos apoios parlamentares no Estado espanhol ao governo do PSOE, além de apresentar iniciativas de parte como o chamado plano Barreras, no qual realmente se estava a pedir a privatizaçom dum sector público.

O que já nom é tam abraiante é que a patronal e os sectores privados pressionem nessa direcçom, pois a privatizaçom é um bocado apetecível e cobiçoso.

Portanto, neste cenário, a CIG nom pode defender outra cousa que nom seja o que sempre defendeu: um complexo integral na ria de Ferrol, um sector público e naturalmente um sector galego. A presença ou nom nesta iniciativa da CIG deve depender de que estes princípios sejam ou nom assumidos, já que nom podemos caminhar, mesmo que nom se diga, numha direcçom que leve à privatizaçom. A maior organizaçom sindical da comarca de Ferrol nom pode dar um aval desse tipo a quem pretenda isso.

Para a CIG nom pode haver ambiguidades ao respeito. As greves do metal em Ponte Vedra som um exemplo claro do que significa um sector naval privado: degradaçom das condiçons de trabalho, jornadas abusivas... com umha patronal prepotente, que ao fim e cabo é a mesma com a que pretendem que fagamos caminho nessa manifestaçom.

Este debate nom se dá e nom se define exactamente na proposta da plataforma Rumbo 21,  que só reclama o levantamento do veto, más nom reivindica um Sector Integral, Público e Galego. Por isso, a minha opiniom é que a CIG, como sindicato de classe, deveria abandonar essa plataforma, tal como qualquer outra que ensaie umha conciliaçom de classes, porque todas e todos sabemos que afinal o raposo quer comer as galinhas.

Esta é a minha humilde opiniom e seguramente a de mais gente da base do sindicato que, além da defesa do emprego, advogamos por um sindicato combativo, de luita, assemblear e nom pactista com os interesses da patronal. A defesa da classe trabalhadora deve ser o eixo principal, por isso é fundamental que demos passos de forma decidida e clara para umha jornada de luita mais coerente: umha Greve Geral na Galiza. Os motivos existem claramente e, se nom caminhamos para aí, as trabalhadoras e trabalhadores nom o vam entender.

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Nado no ano 1977. Independentista, sindicalista, operario e representante sindical na empresa Materiais do Atlántico. Membro da Executiva Comarcal da CIG-Ferrol e da Executiva Comarcal da Federación da Construción e da Madeira en Ferrol. Desde o ano 2005-2009 formou parte da Directiva da Fundaçom Artábria »