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LUGAR DOS ROMANZINHOS

Depois de Copenhague

17:20 30/12/2009

A recente visita a China do Presidente de EEUU e e os resultados da Cimeira da ONU sobre a mudança climática foram tomadas em EEUU -e ecoadas em Europa e no Estado espanhol- como acontecimentos anunciadores do G-2, uma alianza de facto que constituiria a aqueles dous Estados como o novo Governo mundial. Desdenhada a ONU, superados o G-7 dos Estados máis industrializados, e o G-8 que incorporara á Federação Russa e quando acabava de nascer o esperanzador G-20, com a presença dos grandes Estados emergentes (de China, India e Brasil a Indonesia, México ou Sudáfrica), a ideia do G-2 parida em Estados Unidos responde aos seus interesses imediatos (as reservas chinesas em dólares financiam em boa medida à economia norteamericana) e também, e em especial, num momento de declínio relativo do seu do poder mundial, à vontade estadounidense de reproduzir com outro partenaire o sistema de domínio bipolar anterior a 1989, argumentando-se agora com o peso  económico, demográfico e militar que reunem os dous Estados.

Neste contexto, o fracasso de Copenhague ( com a renúncia a estabelecer medidas e cifras concretas sobre a reducção das emissões de CO2, a diminuição da deflorestação e o apoio económico necessário aos paises em desenvolvimento) não foi atribuido às posições negativas de EEUU e China, responsáveis de 40% das emissões de gases de efeito invernadeiro, sendo interpretado, paradoxalmente, como um triunfo de Obama. O resultado da capital dinamarquesa foi ademais repenicado como uma perda da União Europeia, malia ser a entidade política entre as industrializadas que mais fixera para conseguir um compromisso que, alargando o seu alcance, lle dera continuidade ao Protocolo de Kioto.

Definidos EEUU e China, habitual e rotinariamente como as mais grandes potências económicas, não se tem em conta que a primeira economia mundial é a da União Europeia. Tampouco se salienta que, constituindo o centro económico principal, a UE é o mais importante sócio comercial tanto de China como de EEUU: com 293.503 milhões de euros anuais de comércio bilateral com China (dados de princípios de 2009), a UE supera largamente os 230.166 milhões de euros por ano da relação entre o Estado asiático e o norteamericano. Sabe-se asemade que o intercámbio comercial entre a UE e EEUU é o mais importante do mundo e que essas entidades são os mais destacados inversores recíprocos em actividades produtivas, até o ponto de as empresas de EEUU com origem na UE ocuparem 3,5 milhões de trabalhadores (59% das estrangeiras) e as empresas comunitárias de procedência estadounidense empregaren 3,9 milhões. Cousa relativamente semelhante se poderia argumentar sobre os investimentos em China por parte das empresas europeias. En todo o caso, o Estado chinês está ainda num nível de renda por habitante que apenas chega à sexta parte da média comunitária.

A ideia do G-2 tampouco se poderia sustentar na demografia. Se China é o Estado mais povoado e ficando India no segundo lugar, como espaço socio-económico o terceiro lugar não lhe corresponde a EEUU, 310 milhões de habitantes, senão à UE, com 500 milhões. 

A suposta Diarquía chinesa-estadonunidense é devedora da identificação da potência dos Estados com o poder militar, sendo EEUU o primeiro em gastos desse carácter e ocupando China essa posição de tomarem-se como referência as tropas activas. Porém, indo a ideologia da superioridade do poder militar a contracorrente da nova e diversa realidade mundial, não está aí o campo bélico onde se vai jogar o futuro da humanidade. (Não, por outra parte, é este o sitio para uma crítica dos caracteres internos de EEUU e China que, afectando gravemente a direitos humanos e sociais universais, estão presentes tanto no primeiro, um Estado democrático, por muito que seja admirável noutros sentidos, como no segundo, um Estado de partido único, ainda que  demonstre a sua vitalidade com um crecimento tão surpreendente, insólito e rápido).

Sem defender um pacifismo a ultranza e sem esquecer o poder militar de algúns dos Estados membros, a União Europea não se vai converter -por princípio constitutivo, por experiencia e sabiduría histórica e pola vontade cidadá-, numa potência militar com afã hegemónico. Respondendo a sua acção internacional á ideia de potência civil a União é quem, sendo ademais necessária, de jogar um papel relevante e principal nas relações internacionais, como pretendeu em Copenhague. Mais não deu ainda levantado a voz com a súa força económica, social, científica e cultural e desde o modelo de convivência conquistado.

Não sempre se compreende polos Governos da própria UE que isso passa pola superação de actitudes inveteradas e pola demonstração de uma independência inequívoca. Perguntado este dia polo significado do G-2, o responsável da política exterior do Estado espanhol, olvidando ao G-20 e á ONU, dixo que devería converter-se em G-3 com a presença da UE. Só lhe faltou dizer que nesse caso se manteria o respeito polo liderazgo do Presidente de EEUU. 

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Camilo Nogueira

Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004.



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