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Camilo Nogueira

O sitio onde aninham todas as virtudes

12:45 16/09/2009

A chegada de Barack Obama à Presidência dos EEUU constituiu uma revolução política. Nen siquer se põe isto em dúvida por aqueles que, longe de pensar que a solução dos problemas do mundo dependesse simplesmente do que ocorrer no Estado norte-americano, coidavam que também seria transcendente que tão importante república fosse governada por uma mulher.

Elegido Presidente polo seu carácter e o seu programa, dotado de uma personalidade antítética da de Georges Bush e distantes os seus propósitos dos ultraliberais e militaristas do seu predecessor, Obama contou também com ajudas muito diversas procedentes de instituicións e médios de comunicação (não sempre defensores de posições progresistas) que esperavam o seu contributo à melhora da imagem dos EEUU no mundo, enlamada em especial por causa da guerra em Iraque e pola crise financiera.

Os que em Europa consideram aos EEUU como o sítio onde aniñan todas as virtudes ou têm interesses identificados com os dominantes no pais norte-americano, tomaram a Barack Obama como um salvador. Não se limitaram a pensar que os estadounidenses necessitavam superar a época da agressão neoconservadora que afectou a todo mundo, outorgando-lhe ao novo Presidente as capacidades precisas para empreender esse caminho, senão que o convertiram no exemplo a imitar. Ainda agora, passados os primeiros oito meses do seu mandato, um coro de vozes entoa a diário a lamentação pola carência de um Presidente como el, querendo ignorar que o facto de os seus programas e deveres serem bós para os Estados Unidos não significa que se correspondam com os que se precisam em Europa. Reincide-se em tomar a esse Estado não só como a potência militar que é, senão também como a primeira potência económica mundial e como paradigma de sociedade civil, menosprezando o lugar que em ambos sentidos lhe correspondem aos paises europeus e à União Européia como tal. Tampouco reparam em que o novo Presidente não consegue distanciar-se da ideia do sonho americano que domina no interior do seu país, nem da consideração como reitor do mundo que inspira a acção internacional dos EEUU.

Um bó exemplo desta realidade é o que ocorre com o cuidado da saúde. Como Obama lembrou este dia no Congresso de Washington, eles são cidadãos do único Estado industrializado e democrático que não dispõe de um sistema sanitário público e universal. Dominado por interesses privados rapinhentos, o seu sistema é custosísimo e mortalmente ineficiente. Abonda com recordar que gastando nel 16% do Produto Interior Bruto (no Estado espanhol se situa em 8%, não passando de 9% na Suécia, Dinamarca ou Holanda) a esperança de vida em EEUU se situa no lugar 38 entre os paises do mundo, a mortalidade infantil está no nível de paises pobres, estimándo-se que chega a 100.000 número de persoas que morrem anualmente nesse pais a causa da falta de cuidado médico. A cobertura do sistema (seguros persoais, seguros das empresas e de certas instituições privadas, beneficiencia pública do Estado Federal e dos Estados federados…) deixa sem proteção a 45, 7 milhões de pessoas. A situação de angústia criada pola ausência de assistência pública universal padece-na especialmente os desprotegidos, mas o mal-estar existencial é sofrido pola maioria da população. Mesmo gente com recursos chega a arruinar-se a causa dos gastos provocados por uma doença. Agora, neste momento de crise, o facto de os seguros privados instrumentados polas empresas não darem cobertura aos trabalhadores despedidos provoca que seis milhões de pessoas mais fiquem desamparadas.

O projecto apresentado polo Presidente dos EEUU pretende, pois, resolver os problemas mais graves, mas não pretende em absoluto a criação de um serviço de saúde público e universal. Está muito longe do vigente nos paises da União Européia e a anos luz do proprio do Estado espanhol e do gerido polo Governo Galego. É ainda assim vem sendo torpedeado polos conservadores que utilizando argumentos descabelados -chegando a identificar a desproteção pública com a liberdade individual e o sistema de saude pública com o totalitarismo- mostram por sí mesmos o atraso que em aspectos fundamentais padece aquela sociedade. Frente a essas posições é bó que triunfem os propósitos internos de Barack Obama. Mas nesta questão tão crucial os europeus têm pouco que aprender do que passa no outro lado do Atlántico.

O mesmo se poderia argumentar a respeito da educação, o sistema de pensões, as relações laborais ou as infra-estruturas e serviços públicos. Deixando de lado aqui o facto de que no que tem a ver com crise actual o caso do Estado espanhol é mui especial, tampouco serve de modelo o tratamento estadounidense da crise financiera e económica evidenciada com a explosão do banco de investimento Lehman Brothers. Menos serve ainda o relativo à política internacional, na que apesar das apelações de Obama à multilaterialidade não existem razões de peso que permitam pensar que para eles tenha rematado o tempo dos EEUU como única e todopoderosa potência económica e militar.

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Camilo Nogueira (foto pequena)

Camilo Nogueira Román naceu en Lavadores (Vigo) en 1936. Enxeñeiro industrial e economista, foi eurodeputado polo BNG entre os anos 1999 e 2004. »



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