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Maurício Castro

O Euro 2008 e os exaltados nom-nacionalistas

20:15 02/07/2008

Levamos anos a escuitar nos seus meios de comunicaçom, aos seus líderes políticos e de opiniom, dizer que o nacionalismo é cousa péssima, que se cura viajando e que retrata pessoas fechadas, intolerantes e excludentes, que por essa via chegam à violência e conduzem os países ao desastre.

Eles, os proprietários da ‘naçom de cidadaos livres e iguais’ som, dim-nos, os ‘nom-nacionalistas’. Os ‘simétricos’. Som cidadaos ‘normais’, que falam a língua ‘comum’ e votam nos partidos ‘nacionais’. Os ‘democratas de toda a vida’ que nom olham os erres agás dos vizinhos (desde que nom sejam esfarrapados sem-papéis, entenda-se).

E agora, de repente, a selecçom de futebol, o desporto-rei do Estado monárquico hegemónico na Península, ganha o Euro 2008. Onde ficárom a racionalidade e o cosmopolitismo dos nom-nacionalistas? Onde ficárom, de facto, os nom-nacionalistas?

A orgia patrioteira que padecemos nestes dias, além da vomitiva exaltaçom dos símbolos fascistas que sustentam o actual regime –rojigualda, águia, touro e demais atributos de viril chauvinismo– deu cabo do discurso aquele de ‘o importante som as pessoas, nom os territórios’. O nacionalismo mais rançoso e reaccionário, esse que sempre foi o espanhol, mostra o seu rosto medonho, aproveitando, como sempre fai, a mais mínima conjuntura social, política ou, como agora, desportiva para se afirmar, fazendo boa a máxima do ‘di-me de que presumes e eu digo-te de que careces’.

Nom entraremos –dava para umha reflexom à parte– na mais triste das reacçons à vitória desportiva espanhola: a dos súbditos galegos que assumem o seu papel de ‘espanhóis de quarta classe’, como o ferrolano Guerra da Cal chamava a esses que nestes dias presumem de ser ‘gallegos con eñe’.

Que as naçons oprimidas como a nossa se afirmem, revindicando o seu direito à existência é algo nom só legítimo, mas necessário para quem defende o pluralismo e a diferença como inerentes às sociedades humanas. Nada que ver com essa maré uniformizadora rojigualda que nos abafa, que só aspira a fumigar qualquer identidade que tente existir à margem dos parámetros historicistas do etnicismo nacionalista espanhol. Historicista, sim, porque pretende fundar a sua naçom em Atapuerca; etnicista, também, porque nega aos povos o democrático exercício do direito de autodeterminaçom em funçom das essências superiores e inquestionáveis impostas na sua Carta Magna.

A partir do espectáculo destes dias, cabe perguntarmos: continuarám a autodenominar-se os nacionalistas espanhóis, com total descaramento, ‘nom-nacionalistas’? E os nossos neo-regionalistas, continuarám a reconhecer-lhes tal condiçom, em lugar de aplicarem a rigorosa distinçom, assente desde Lenine, entre o nacionalismo expansionista da naçom grande e nacionalismo defensivo da naçom pequena?

Se algo de bom pode ter esta pornográfica exaltaçom espanhola é que ajude a esclarecer, a quem pudesse ter dúvidas, a natureza do ‘projecto Espanha’ em relaçom a nós, galegos e galegas. Em conseqüência, as ilusons co-soberanistas deveriam dar passagem, entre nós, à assunçom de umha imprescindível conclusom: a nossa radical separaçom jurídico-política constitui a única possibilidade de subsistirmos como povo livre e diferenciado.

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Mauricio Castro

Maurício Castro naceu en Ferrol en 1970. É profesor de portugués, actualmente adscrito á Escola Oficial de Idiomas da Coruña, despois de dous anos de docencia en Badaxoz. »



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