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Valentim R. Fagim

Umha lesma no percurso e o galego genuíno

15:35 16/07/2010

Era umha excursom polo Gerês com mais oito pessoas, todas galego-falantes, algumhas neo, outras paleo, algumhas urbanas, outras rurais ainda que nom houvesse umha correspondência perfeita entre neo/urbano e paleo/rural. A dado momento, um dos urbanos, também neo, comenta-me: olha, sabias que em português babosa se diz lesma? Quinze minutos depois, caminhando à par de umha paleo rural, esta comenta: que nojo me dam as lesmas! Complete-se esta fotografia com palavras como autocarro, grávida, percurso ou cantil, todas elas saídas de bocas urbanas e neos.

Entre os muitos subtemas que cria o tema LÍNGUA está o debate em volta do galego genuíno. Há quem acha, até, que existe umha Atlántida onde a nossa língua permanece pura e cristalina (ainda nom foi encontrada, mas nom desesperemos). Na verdade, a questom chama-se COMUNICAÇOM. Se perguntássemos a alguém onde se fala um galego mais genuíno, se na rua García Barbón de Vigo ou numha aldeia de Vilar de Santos, a resposta seria unánime. Ora, pergunta puxa de pergunta: e por que é assim? A resposta é “pola comunidade”.

Na aldeia de Vilar de Santos existe umha comunidade que comunica entre si, na nossa língua, a maior parte do tempo. Umha galego-falante na rua García Barbón carece disso e, caso decida na mesma comunicar em galego, vai que ter fazer numerosas renúncias para ser entendida, para comunicar. Vai ter de renunciar a palavras que nom existam em castelhano ou podam vir a causar confusom (morno, balor, tornozelo, pegar) e usar em seu lugar outras (templado, mofo/moo, tobillo, coller).

Em Vilar de Santos é possível que as palavras da primeira lista estejam em circulaçom porque existe comunidade. Podem usar essas palavras à vontade porque vam ser entendidas. É por esta razom que ali possuem um galego mais genuíno. Ora, ainda existem lugares onde a nossa língua tem um formato mais soberano a respeito do castelhano ainda que nem sempre os exploradores da Atlántida os tenham nos seus mapas: Portugal e o Brasil.

Por quê? Porque nesses lugares a nossa língua tivo o maior êxito social que pode ter umha variedade linguística: ser a língua nacional, aquela que usam todas as classes sociais, nomeadamente as elites, e que vem a ser identificada como sendo a própria. Nesses lugares nenhum governo achou umha boa ideia que a língua ocupasse 33% das aulas ou que dominá-la nom seja um requisito para tirar umha vaga de funcionário(a) de serviço público. Em definitivo, nesses lugares, a nossa língua nom é um problema mas um percurso.

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Nasceu em Vigo em 1971. Presidente da Agal (Associaçom Galega da Língua) desde 2009 e académico da AGLP. Publicou O galego (im)possível (2001) e o manual Do Ñ para o NH (2009). Tem a secçom Língua nacional no periódico Novas da Galiza. Professor de Português de Escola de Idiomas. »