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Carlos Morais

Unidade e luita pola língua

10:55 11/02/2009

Contrariamente ao posicionamento oficial do neo-regionalismo e das entidades afins, no passado domingo era necessário fazer frente à talvez maior provocaçom lançada contra a Galiza polo espanholismo nas últimas três décadas.

O coraçom da capital da Galiza converteu-se, ao longo do domingo 8 de Fevereiro num campo de batalha ideológico entre duas concepçons antagónicas sobre o futuro do nosso país. Por um lado, a extrema-direita, disfarçada hipocritamente de defensora do bilingüismo, aprofundou a sua campanha de pressom social e intimidaçom mediática sobre parte dos sectores mais colonizados. Por outra, activistas dos movimentos sociais, do associacionismo reintegracionista de base, militáncia da esquerda independentista e simples patriotas alarmados e conscientes do que se jogava Galiza neste dia.

Destacadas eram as ausências, na sua imensa maioria previstas. Agora é tarde para se laiar, embora nunca seja tarde para emendar.

“Galicia Bilingüe” existe porque é um instrumento útil e necessário do espanholismo para forçar ainda mais retrocessos na virtual política de normalizaçom lingüística dos diversos governos autonómicos. É um engendro promovido pola COPE e “El Mundo”, financiada polas forças políticas que secundárom a manifestaçom, alicerçada numha falácia tam descarada e clara como que o espanhol está em perigo no nosso país. Todas as entidades nacionais e internacionas coincidem no crítico diagnóstico sobre o futuro do idioma galego se nom forem radicalmente alteradas no curto prazo as actuais políticas educativas e lingüisticas, desmentindo o discurso dos bilingüistas.

Os quatro anos de governo bipartido PSOE-BNG nom evitárom o lento esmorecer da nossa língua nacional, consolidando o processo de espanholizaçom em curso. Som precisamente as complexadas posiçons do outrora nacionalismo de esquerda, capitulando e arriando a bandeira do monolingüismo polo “direito a viver em galego” e em prol da “convivência lingüística”, co-responsáveis polo desafio do fascismo espanhol, que quer passar à ofensiva e ocupar as ruas para acelerar a espanholizaçom e o extermínio do nosso idioma.

O que aconteceu neste domingo em Compostela tem um paralelismo na nossa história contemporánea mais imediata. A 28 de Junho de 1984, as forças espanholistas culminárom a transferência dos restos de Castelao desde a Argentina ao mausoleu de Sam Domingos de Bonaval violentando o desejo do grande patriota de só voltar quando a Galiza fosse livre.

Centenas de militantes e simpatizantes da esquerda nacionalista tentárom impossibilitar o agravo. As imagens em directo da televisom mostrando a brutalidade da repressom policial e a emocionada voz de Tareixa Navaza dando leitura a fragmentos da obra do rianjeiro fam parte do imaginário colectivo da nossa luita por umha Galiza soberana e socialista. Naquele momento, o galeguismo e as forças mais reformistas da esquerda nacionalista condenárom os protestos, empregando semelhantes acusaçons às que agora utiliza Quintana e os seus corifeus contra a contramanifestaçom do domingo. Se em 1984 fôrom a UPG e o BNG que sem complexos apelárom à sua militáncia e à base social para se manifestar em Compostela, nesta ocasiom NÓS-UP foi, no ámbito político, a única força que convocou a sua militáncia e simpatizantes para fazer frente à extrema-direita na Alameda da nossa capital.

Várias centenas de galegas e galegos convocadas por dúzias de entidades de base, empregando diversas e complementares formas de expressom, defendemos com firmeza o nosso idioma frente à violência fascista. Novamente, a brutal maquinaria repressiva espanhola sob ordens de Manuel Ameixeiras tentou sem êxito fazer-nos calar. Ainda sendo muito mais sofisticada que em 1984, a Polícia espanhola nom deu evitado que umha parte da Galiza organizada conseguisse fazer fracassar a tomada de Compostela polos inimigos desta pátria e deste povo.

Das 2.500 pessoas que realmente secundárom a cruzada contra o idioma, nom podemos esquecer que quase um terço provinha do exterior. Eram militantes fascistas espanhóis chegados em autocarros de Madrid e doutras localidades. Nom pretendemos maquilhar o fenómeno em curso, pois a maioria dos manifestantes vivem aqui. É certo que nesta ocasiom a marcha sobre Compostela era sobretodo umha mobilizaçom nacional-católica de ampas de colégios privados de elite, inçada de respeitáveis famílias da burguesia urbana, onde eram visíveis destacados representantes do PP e do novo fascismo encabeçado por umha ex-dirigente do PSOE.
 
Porém, devemos aprender das liçons históricas da luita de classes. O fascismo tem que ser combatido com firmeza e contundência desde o seu início. Refiro-me ao verdadeiro fascismo, o ligado aos poderes económicos, financeiros e políticos, e nom ao de banda desenhada. Ceder, desconsiderá-lo, evitar o confronto para nom “fortalecê-lo” e “fazer-lhe o jogo” é simplesmente suicida, um erro estratégico, tal como nos demonstrou o posicionamento da social-democracia e da esquerda burguesa na década dos anos trinta do século passado.

Hoje, na Galiza, um sector destacado da base social do PP, mas também do PSOE e IU, tem umha deriva fascizante em todo o referente à defesa da unidade do Estado espanhol. Trinta anos de propaganda, de pactos e acordos antiterroristas, conseguírom vertebrar um perigoso monstro que antes ou depois será incontrolável. A conjuntura internacional e nacional modulada pola profunda crise do capitalismo é propícia para que coalhem mensagens deste calibre entre sectores populares. Eis a necessidade de evitar que se desenvolva, mas isto nom se consegue cedendo, procurando falsos consensos, realizando brindes ao sol, adaptando o discurso e a luita ideológica ao imediatismo eleitoral.

É simplesmente temerário e inquietante deixar que intimidem com absoluta impunidade este povo, que inoculem as suas mentiras e manipulaçons sobre umha parte dessa imensa maioria social de galegas e galegos que consideram correcto normalizar a língua e a cultura deste país. É necessário, pois, activar as consciências adormecidas da imensa maioria do povo trabalhador –das quais umha parte nom é monolíngüe em galego, mas tampouco contrária a recuperar o perdido– para evitar a destruiçom do principal elemento da nossa identidade nacional. Obviamente, este processo nom só necessita respostas amplas e unitárias: está ligado à construçom nacional, a qual por sua vez só é viável exercendo o direito de autodeterminaçom para nos podermos dotar de um Estado.

No imediato, cumpre dar umha resposta maciça nas ruas. É imprescindível apostar numha grande mobilizaçom popular que deixe bem claro que este país nom renega da sua identidade, que a imensa maioria deste povo deseja que o futuro seja em galego. Com clareza e generosidade, sem ambigüidades nem exclusons.

Para essa imprescindível luita unitária polo galego, a esquerda independentista estará sempre disposta a dar todo, como demonstrou no passado domingo, até colectivamente estragarmos de vez os planos de morte que Espanha reserva ao nosso idioma.

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Carlos Morais nasceu em Mugueimes, Moinhos, na Baixa Límia, 12 de Maio de 1966. Licenciado em Arte, Geografia e História pola Universidade de Santiago de Compostela tem publicado diversos trabalhos e ensaios de história, assim como dúzias de artigos no Abrente, A Peneira, A Nosa Terra e outras publicaçons periódicas. Activista dos movimentos sociais, inicialmente no estudantil, sendo fundador dos CAF no cámpus universitário de Ourense, e depois do antimilitarista é militante comunista desde jovem. Actualmente forma parte da Permanente Nacional de NÓS-UP e é Secretário Geral de Primeira Linha.

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