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Alexandre Banhos

Um 14 de Abril histórico para Galiza

17:50 16/04/2009

O  14 de Abril para os espanhois é a lembrança duma festa popular que se correspondeu com a proclamação da segunda república (1).  A partir de ontem o catorze de Abril vai ser data a festejar tamém no calendário cívico galego.

Nos dous últimos anos o reintegracionismo todo está tendo avanços no relacionamento e reconhecimento institucional em Portugal como antes nunca(2), pois infelizmente isso não ia além de ser um sonho no âmbito institucional, sem esquecer o reconhecermos que a nível individual o reintegracionismo já muito tinha alicerçado nesse relacionamento, eis como bom exemplo os grandes Congressos Internacionais da Língua organizados pola AGAL, ou os da Associação Internacional de lusitanistas. 

Há agora um ano no 7 de Abril do 2008 o reintegracionismo todo estava convidado a falar num ato ordinário da Assembleia da República Portuguesa (Parlamento) e sobre nada mais nem menos que o assunto comum da língua, a nossa língua internacional(3), plural como todas as línguas internacionais.

Nestes dous anos todos ajudamos(4) desde o reintegracionismo, cada um de acordo com as suas possibilidades e capacidades para que na Galiza por fim existira uma Academia da Língua(5) que se puder relacionar em pé de igualdade com as academias de Brasil e Portugal.

A AGLP nasceu com os melhores agoiros e com a bênção das suas irmãs mais velhas. O ansiado acordo ortográfico uniformador da escrita, que muito foi desejado de sempre na AGAL no contraste da nossa língua com as outras quatro grandes línguas internacionais e nomeadamente o espanhol, por fim é um feito.

O dia 14 de Abril no formosíssimo salão da Academia de Ciências de Lisboa, tivo lugar a primeira reunião solene de todas as academias existentes da língua portuguesa, a nossa, pois por esse nome é conhecida internacionalmente.

Estava em pleno a Academia de Ciências de Lisboa Secção de Letras e muitos membros da Secção de Ciências; a Academia Brasileira de Letras (Rio de Janeiro) com uma muito considerável representação dos seus membros; a Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP) com uma importante representação. A Direção da Academia de Letras da Bahia.  Acompanhavam as seguintes autoridades: os embaixadores de todos os países lusófonos em Portugal; a representação da embaixada espanhola no seu agregado cultural, ao estar presente uma instituição pertencente ao Reino de Espanha; os embaixadores ante a CPLP; o ministro e autoridades de Cultura de Portugal e das suas universidades, e representantes vários de todos os países presentes e os da comunicação social. Pola Galiza estava presente este Presidente da AGAL, e infelizmente faltavam autoridades políticas que foram devidamente convidadas e da comunicação social.

Presidiam a sessão, os Presidentes das Academias de Portugal, Brasil e a Galiza
Gostei imenso dos discursos mas não vou trasladar aqui as minhas notas de todos os 6 oradores, já que nos próximos dias há haver muita informação do evento, mas vou salientar do discurso do último dos oradores o professor Adriano Moreira as seguintes palavras: A língua não é nossa dos portugueses, nos temos a língua igual que a tem os brasileiros, galegos, angolanos... a língua constrói-se nas beiras do Sar e no mato brasileiro, A LÍNGUA É UM PATRIMÓNIO COMUM DE TODOS QUE NÃO PERTENCE A NINGUÉM.

Eu por causas de trabalho não pude fazer a viagem com o resto da delegação galega, o dia 13 às 10 da noite ainda estava numa reunião e o dia 14 às 6 horas da manhã partia  de carro para Lisboa. Essa manhã ainda tive tempo de fazer algumas gestões em Lisboa a ver com próximas atividades do reintegracionismo e com as possibilidades de chegarmos a distribuição dos nossos livros em Portugal.  No carro levava uma caixa cheia de livros nossos para a biblioteca da Academia e para agasalhar aos amigos, pena não foram muitas mais caixas, pois pronto todos desapareceram.  Fum das primeiras pessoas em chegar à sede da Academia, onde falei com muitos amigos, e de passo nasciam outros novos, fum tratado com grande carinho e consideração que sei que era na minha pessoa para todos os nossos associados e para o povo galego em geral.  Aguardo cumprir a minha palavra e em Julho deste ano deslocar-me ao Brasil para seguir alargando os tecidos que nos atam.

(1)A república foi um período democrático nos anos 30 do século passado no estado espanhol, que foi apagado sob o terror fascista. Ao falar do terror não estou a pensar na guerra que desatou a sublevação militar, estou pensando na aplicação sistemática do terror à população como instrumento político, terror que é bem doado ainda de se perceber a pouco que se ranhar na pele do povo da Galiza. Hoje reconhece-se que bem mais de um ¼ de milhão de pessoas foram executadas e desaparecidas. No pequeno esforço do juiz Baltasar Garzon para sacar a luz estes temas da “memória histórica”, em só quatro meses já fora feito um pequeno inventário que se afirmava longe de completo, de 222.749 pessoas executadas extrajudicialmente e desaparecidas. E sem esquecer o role do aparato judiciário nunca expurgado nem depurado na aplicação dessa doutrina terrorista. No ano 1952 o Fiscal Geral do Estado Espanhol gabava no seu informe anual a magnanimidade do “el Caudilho”, pois só se levaram a cabo (sic) 12.852 execuções com o “garrote vil” nos últimos anos, frente aos milhares e milhares de condenados cuja pena de morte foi comutada ou indultada pólo “el Caudilho”. Tal magnanimidade e amor ao próximo é bem lógico que pola igreja católica universal espanhola fosse devidamente abençoado, com o reconhecimento de que o “el Caudilho” nas igrejas devia entrar e estar sob o pálio no mesmo grau que o Santíssimo.

(2) Tamém no reconhecimento institucional na Galiza, tanto no relacionamento com as instituições como no relacionamento com empresas e entidades para os que resultávamos absolutamente marginais.

(3) Com esta campanha por primeira vez o reintegracionismo estivo no dia a dia em todos os meios de comunicação de todos os países da lusofonia (todos).

(4)Nisso ha que destacar o trabalho pessoal e infatigável de Ângelo Cristóvão e a razão pacífica e tranquila do professor Martinho Monteiro Santalha.

(5)  A RAG não é uma Academia da Língua.

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Alexandre Banhos

(A Coruña, 1954) Licenciado en Ciencias Políticas e Socioloxía, é presidente da Associaçom Galega da Língua (AGAL) »



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